Como criador do projeto “Onze de Gênesis”, tenho algo em comum com Charles Darwin. Ambos temos experiência na criação de pombos. Na minha infância e adolescência, passei alguns anos ajudando meus avós na criação de pombos. Acompanhei desde a alimentação, comportamento e reprodução. Selecionava as cores, os tamanhos e os melhores. Na Inglaterra Vitoriana, a criação de pombos era extremamente popular, e quando Darwin retornou de sua famosa viagem marítima às ilhas Galápagos, começou a criar pombos. Nas mãos hábeis de um criador, o pombo pode desenvolver uma cauda em leque, com penas semelhantes às de um leque chinês; pode tornar-se semelhante ao pelicano, com um enorme papo avultando por sob o bico, e pode se tornar um jacobino, com um “capuz” de penas sobre a parte traseira e sobre os lados da cabeça, assemelhando-se aos capuzes usados pelos monges jacobinos. Contudo, a despeito dessa grande diversidade, todos são descendentes do pombo comum, o vulgar pássaro cinza que infesta nossos parques urbanos.
Apesar da extraordinária variedade de caudas e penas, todos os pombos que Darwin observou continuavam sendo pombos. Eles representavam uma mudança cíclica na frequência genética, mas não uma nova informação genética.
Como Darwin formulou uma teoria de mudança ilimitada a partir de tais exemplos de mudança limitada? Ele tomou as mudanças que tinha observado e as generalizou em relação ao passado distante - o qual, naturalmente, não tinha observado. Se o pombo comum pode ser tão grandemente transformado dentro de poucos anos nas mãos de um criador - raciocinou -, o que poderia acontecer ao mesmo pombo na natureza após milhares ou mesmo milhões de anos? Havendo bastante tempo, as mudanças seriam virtualmente ilimitadas, e o pombo poderia até mesmo ser transformado em um tipo completamente diferente de pássaro.
Foi uma especulação ousada, mas ninguém deve se enganar e pensar que foi mais do que isso. Nem Darwin nem qualquer outra pessoa jamais testemunhou o processo de evolução. Trata-se de uma conjectura, de uma generalização que vai muito além dos fatos observados. Ora, não há nada de errado na generalização em si, enquanto tivermos em mente que ela é apenas isso, e não um fato observável. Mas para que se faça uma generalização razoável, é necessário ter boas razões para crer que o processo generalizado continuará a acontecer em uma proporção constante.
Aí reside a falha fatal na teoria de Darwin: séculos de experimentação mostram que a mudança produzida nos processos de reprodução não continua em proporção constante de geração em geração. Pelo contrário, a mudança é rápida no princípio, depois estabiliza-se e, finalmente, alcança um limite que os criadores não conseguem ultrapassar.
Consideremos um exemplo histórico. A partir de 1800, produtores agrícolas começaram a tentar aumentar o nível de açúcar da beterraba, com extraordinário sucesso. Após 75 anos de plantação seletiva, eles aumentaram o nível de açúcar da beterraba de 6% para 17%. Mas não puderam ir além disso. Embora a mesma produção seletiva continuasse por mais meio século, o nível de açúcar jamais ultrapassou os 17%. Em certo ponto do processo, a variação biológica sempre se estabiliza e cessa.
Por que as alterações cessam? Porque, uma vez que todos os genes de um determinado elemento tenham sido selecionados, a reprodução seletiva não tem como continuar. O processo de reprodução reordena e seleciona os genes existentes em um conjunto de genes, combinando-os e recombinando-os, como alguém que mistura e distribui as cartas de baralho. A reprodução não pode criar novos genes, assim como misturar cartas não cria novas cartas. Pássaros não podem desenvolver pelos. Ratos não podem desenvolver penas. Asas não crescem em porcos.
E mais importante: à medida que os criadores intensificam a pressão seletiva, o organismo fica mais fraco e, finalmente, torna-se estéril a ponto de extinguir-se. Esta é a ruína da pecuária moderna: nossas vacas e galinhas altamente selecionadas produzem mais leite e ovos, mas são muito mais vulneráveis a doenças e à esterilidade. Essa é uma barreira natural que nenhum processo de reprodução é capaz de ultrapassar.
Além disso, quando um organismo não mais é submetido à pressão seletiva, tende a retornar à sua condição original. Deixados por sua conta, os filhotes dos pombos ornamentais que tanto encantaram Darwin voltarão a ser os pombos silvestres comuns.
Portanto, Darwin simplesmente estava enganado em sua generalização. Quer seja nos laboratórios de reprodução ou na própria natureza, as pequenas mudanças produzidas pela combinação de genes não são instrumento para a mudança ilimitada exigida pela evolução. A tendência natural dos seres vivos não é continuar mudando indefinidamente, mas, sim, permanecer próximos à sua condição original.
(Fonte: Charles Colson e Nancy Pearcey, E Agora Como Viveremos)
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