Assista à reportagem abaixo:
Dentro de um quarteirão, séculos de evolução da arquitetura. Fácil explicar porque a Praça Vermelha é o ponto mais visitado de Moscou.
Mas os turistas correm para dentro de uma caixa de concreto e mármore. Lá dentro, o corpo de Lenin pode ser visto, mas não pode ser filmado ou fotografado. Ele é o retrato da revolução comunista. O homem que tirou a família imperial do poder em nome da classe operária, exatamente cem anos atrás.
Como Stalin reagiria ao se ver representado por um ator em busca de uns trocados? Não é difícil imaginar. O mais temido líder comunista combateu o capitalismo com mão de ferro. A maior parte dos russos o condena por pelo menos 20 milhões de mortes em 30 anos à frente do país. Mas o celebra por derrotar a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial e anexar países à União Soviética.
“A ideia de líderes fortes atrai os comunistas. Stalin gostava dos monarcas pré-revolução como Pedro, o Grande”, analisa Dmitry Tsigankov, professor de história da Universidade de Moscou.
A incoerência de um líder comunista inspirado por um imperador tem justificativa. Pedro, o Grande também fez o país ser temido e crescer. O czar, representado em uma estátua de cem metros de altura, fundou São Petersburgo, criou a Marinha Local e integrou a Rússia ao Ocidente.
Cada czar, imperatriz ou imperador russo tinha uma personalidade diferente, mas algo os unia: todos eles eram autocratas. Governavam praticamente sozinhos e com poderes ilimitados. Podiam ser cruéis e ainda assim populares. O trono russo deixou de existir em 1917, mas a descrição dos principais líderes do país desde então não mudou muito.
O último secretário-geral do Partido Comunista foi a exceção. Mikhail Gorbatchev ensinou ao mundo os significados de glasnost e perestroika, liberdade política e econômica.
“Ele talvez tenha dado o inestimável presente da liberdade para os russos, coisa que eles nunca tiveram, mas essa liberdade era justamente a de dizer ‘a gente não quer mais você’, ‘a gente não quer mais os comunistas”, disse o jornalista Pedro Bial.
Com o fim da União Soviética, em 1991, surgiu a Rússia capitalista. As empresas, antes estatais, passaram para as mãos de grandes oligarquias e os índices de desigualdade social e corrupção se tornaram marca do país. Como presidente ou primeiro-ministro, Vladimir Putin está no poder desde 1999. Um líder russo à moda antiga com mais de 80% de aprovação popular.
“A pergunta que se faz é: ‘Quem é o senhor Putin’? Ele tenta juntar várias tradições políticas de épocas diferentes e consegue esconder quem é de verdade”, completa Dmitry Tsigankov.
Em russo, Vladimir é um nome com dois significados: “senhor da paz”, ou “senhor do mundo”. O futuro dirá qual dos dois foi o senhor Putin.
Fonte: Jornal Nacional
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